Angra - Turnê “Rebirth: 20th Anniversary Tour” - Lauro de Freitas - 16/12/2022

Autor: Diego Aleluia   •   01/01/2023

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Por: Diego Aleluia


O Rebirth é um dos álbuns mais importantes do Angra, e foi meu primeiro contato com o grupo quando eu tinha uns 14 anos. Mas, mal sabia eu a importância que esse álbum teve para a própria banda. O Rebirth marcou uma metamorfose no grupo, já que foi o primeiro álbum com Edu Falaschi nos vocais, Felipe Andreoli no baixo e Aquiles Priester na bateria. Tanto que o nome Rebirth não veio por acaso: a própria banda quis mostrar que esse sentimento de renascimento existia até para os próprios músicos. Logo, minha animação para o show não era infundada. Juntei um grupo de amigos - que são até mais doentes pela banda do que eu - e fomos para o show. Mas mal sabíamos o que nos esperava.


Na saída de Salvador para Lauro de Freitas pegamos um pouco de engarrafamento, o que era de se esperar devido ao horário que o show estava marcado para começar, e ficamos com um certo receio dos portões abrirem e não conseguirmos pegar um lugar legal perto do palco. Lembro que, oficialmente, os portões deveriam abrir às 19h, e nesse horário ainda estávamos na estrada. Chegando lá já vimos uma fila colossal com um público bem diverso, desde famílias completas até uma galera mais jovem. Essa pluralidade foi algo bem feliz de se perceber, pois é raro em rolês mais undergrounds ver um público tão diverso.


Chegando na fila às 19h20, esperamos até umas 20h e nada do portão abrir. Ao longo da fila encontrei um outro grupo de amigos que disse ter visto várias partes do palco entrarem na casa de show por volta das 18h. Esse tipo de informação é sempre desagradável de ouvir, já que geralmente precede um atraso no esquema do evento. Mas não ficamos muito preocupados e decidimos andar até uma lanchonete para comer algo antes do show começar. Foi uma escolha deveras questionável, porque acabamos andando uns 2 quilômetros e isso tomou bastante tempo. Após a refeição decidimos pegar um Uber, já que era umas 20h40 e temíamos que o show já tivesse começado.


Para nossa surpresa, a casa de show nem tinha aberto os portões ainda. Ficamos esperando até as 22h, aproximadamente. A organização das filas deixou bastante a desejar, os representantes da imprensa ficaram na mesma fila dos VIP’s e consequentemente demorou bem mais para liberar a entrada. Lembrando que até esse momento ninguém da casa ou da equipe do Angra veio até o público falar sobre o atraso - algo que demonstrou a falta de preparação das equipes envolvidas no evento.


Uma vez lá dentro, o palco ainda não estava pronto. Constantemente os roadies entravam e saiam trazendo instrumentos e terminando de afinar as coisas - mas pelo menos o ambiente estava climatizado e a primeira vista parecia aconchegante. No fundo tinha uma loja com merchandising e um bar.


Às 23h o público começou a demonstrar sua insatisfação, e sempre que algum membro da equipe do Angra aparecia uma leva de vaias surgia. Em resposta às vaias, a organizadora do palco do rock Sandra de Cássia subiu no palco e tentou acalmar os presentes sem sucesso. Mas, além de falha, a tentativa soou desrespeitosa com o público e acabou tirando todo o entusiasmo da plateia com os brindes oferecidos por sorteio e por responder uma série de perguntas sobre as visitas do Angra em Salvador. Nem mesmo a animação de Roberto Índio conseguiu animar o público.


Oficialmente, o show começou às 00h45 e já com o Angra. Uma escolha mais segura para agradar o público mas que prejudicou bastante a banda Síndrome K, que deveria ser a banda de abertura. A primeira música foi Nothing to Say, um início poderoso que foi minado por uma série de problemas técnicos, desde equipamentos parando em certos momentos até o microfone não captando os agudos do Fabio Lione. Após a música, o Rafael Bittencourt veio e se desculpou pela questão do atraso mas sem entrar em grandes detalhes sobre a situação. O pedido de desculpas foi bem recebido, mas achei que o público merecia saber mais sobre a situação e ter direito a ressarcimento caso o indivíduo julgasse necessário.


A partir daí o show seguiu numa mistura amarga de excitação e decepção. O setlist era composto por todo o Rebirth + os maiores sucessos da banda, o que tinha tudo pra ser uma experiência incrível. Mas graças aos problemas técnicos já citados, a execução de muitas músicas ficou a desejar e atrapalhou a experiência do evento. Porém, a energia do Angra, por si só, quase carregou o evento. Todos da banda tocaram com boa vontade e constantemente interagiam com o público e com um bom humor contagiante. Fabio Lione apresentou uma performance super energética e conseguiu cantar bem independentemente dos problemas. Os solos também foram executados de maneira magistral e, em nenhum momento percebi algum erro ao longo das músicas - com um destaque especial para o solo de percussão realizado por Guga Machado que me deixou de boca aberta.


No fim, não pude ver a banda de encerramento, todos meus amigos já estavam caindo de sono e todos bem quebrados por passar mais de seis horas em pé. Infelizmente, muitas pessoas compartilhavam do mesmo sentimento e o público para a Síndrome K sofreu uma redução considerável. Mas, deixo aqui minha recomendação para o primeiro álbum deles: “Aqui se Paga”. Que apresenta um thrash/heavy metal competente e letras fortes.


Sobre o atraso e os problemas técnicos, tanto a banda quanto a produtora vieram a público e explicaram seus lados em relação ao ocorrido. Mas, muito provavelmente, essas questões vão continuar sem uma explicação convincente e, nós, vamos ficar com esse gosto amargo na boca. Em conclusão, o show do Angra, apesar da qualidade técnica e do profissionalismo dos músicos e, mesmo estando feliz por ouvir músicas que me marcaram tanto e ter curtido junto a um público tranquilo, a experiência como um todo deixou muito a desejar. Espero que o Angra volte em breve para Salvador e que a produção, desta vez, acerte o passo para que não haja a dor de cabeça que aconteceu nessa última visita. Resolvendo os entraves técnicos, a próxima será, com certeza, uma experiência emocionante.


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