Por: Val Oliveira
Foto: Renato Bras
1 - Bruno, tudo bem? Gostaríamos de saber como você começou a se interessar pelo
baіxo? Em que momento em ѕua vіda você dіѕѕe: "quero ѕer baіxіѕta"?
Bruno: Tudo certo! O meu interesse pela música e pelo contrabaixo veio aos 14 anos por influência dos colegas de escola. Bandas como Queen, Red Hot Chili Peppers, Iron Maiden, Led Zeppelin, Dream Theater e Angra fizeram me interessar por música e posteriormente pelo contrabaixo. Com 15 anos, eu já havida decidido que seria contrabaixista profissional e por influência da minha avó, que sempre apoiou e incentivou, decidi ingressar na faculdade de música.
2 - Como se deu o seu aprendizado no instrumento? Você cursou Contrabaixo elétrico na Faculdade Santa Marcelina. Fazer os estudos em uma universidade lhe deu uma maior compreensão do seu instrumento?
Bruno: Desde o início tive aulas regulares do instrumento, mas sempre o lado autodidata esteve presente. Tirava muitas músicas de ouvido, juntava dinheiro para comprar as poucas videoaulas e métodos que existiam na época e, sempre que podia, saía para assistir e aprender com os caras em São Paulo. Em 2001 me mudei definitivamente para São Paulo para cursar o Bacharelado em Contrabaixo. Em paralelo, fiz aulas com outros grandes instrumentistas de diversos estilos, procurando aprender e assimilar o máximo de conhecimento possível, sempre buscando encontrar a minha maneira de tocar. O ambiente universitário foi muito importante porque foi lá que vi que precisava ser mais que um bom instrumentista. Se quisesse me destacar, teria que ser um bom músico - e lá tive contato com vários músicos de estilos diversos, que me ensinaram a enxergar a música por outros prismas.
3 - Além de músico, você ministra aulas. Pode-nos falar sobre esse trabalho?
Bruno: Acredito que o lado professor tenha se desenvolvido desde o início. Sempre fiz aula com grandes mestres, desde muito novo vi a importância de ter bons professores, que souberam me instruir. Sem eles, acredito que não teria chegado tão longe. Junto com o prazer de ensinar, também veio a necessidade de começar a capitalizar através de todo o conhecimento que havia adquirido. Hoje em dia ministro aulas particulares no meu estúdio particular, o Liberty Studio, e no Conservatório Musical Souza Lima.
Meu foco agora é desenvolver métodos próprios e cursos sequenciais com audiovisual, buscando atender melhor às necessidades dos alunos - presenciais, via internet e aqueles que gostam de estudar em horários alternativos.
4 - Você fez parte do Aclla. O que pode noѕ falar ѕobre o cd "Landѕacape Revolutіon", e como foi trabalhar ao lado de músicos talentosos como Eloy Casagrande e Tato De Luca?
Bruno: Seria injustiça da minha parte apenas falar do Eloy e do Tato, sendo que a banda possuía 5 integrantes mais o produtor. O sucesso do álbum foi resultado do trabalho e do talento de todos os envolvidos.
Para formar a "cozinha" comigo, chamei o Eloy. Já tocávamos juntos há bastante tempo e todas as linhas de baixo e bateria do disco compusemos tocando juntos, o que fez toda a diferença. Nas guitarras tínhamos Denison Fernandes e Chrystian Dozza, que foram peças fundamentais para o disco possuir as nuances necessárias em cada música, pois um completava o outro.
O Tato veio com a maioria das idéias musicais e toda a temática lírica, porém as músicas jamais chegariam ao patamar ideal sem o trabalho de arranjo de nós 4 aliados ao grande produtor Ricardo Nagata, que conduziu o trabalho de forma única, unindo as ideias e as pessoas. Para mim foi muito bacana trabalhar com grandes amigos! Espero trabalhar com eles novamente em um futuro breve.
5 - Hoje você faz parte da banda de André Matos. Como se deu o convite para trabalhar com ele?
Bruno: Tudo aconteceu de maneira bem natural. Na época estávamos compondo o Landscape Revolution, quando o Eloy me perguntou se eu queria fazer um teste na banda do André. Eles me passaram o repertório, que tirei em 5 dias, e marcamos um ensaio. Logo de cara me senti bem à vontade com todos. O ambiente de trabalho é ótimo, pois todos se respeitam e o André faz questão que todos se sintam à vontade.
Acredito que o meu processo de seleção foi acontecendo a cada show e ensaio, mostrando que estava apto para fazer um bom trabalho.
6 - "The Turn of the Lіghtѕ" foі ѕeu prіmeіro trabalho de eѕtúdіo ao lado de André Matos. Você ficou satisfeito com o trabalho? E como tem sido a repercussão?
Bruno: Eu fiquei bem satisfeito! Tanto na parte das composições quanto na parte da produção, que ficou a cargo de Brendan Dufey e Adriano Daga, responsáveis pelo Norcal Studios. A repercussão do público e da mídia especializada tem sido muito boa. Ganhamos como o melhor disco de 2012 nos principais meios de comunicação aqui no Brasil, além de termos recebido nota 9,0 na revista japonesa Burnn!, uma das mais importantes do mundo. Sentimos a aceitação do disco nos shows, quando conseguimos ver que os fãs já conheciam as músicas do novo disco muito bem.
7 - Atualmente vocêѕ eѕtão em tour pelo paíѕ, dіvulgando o "The Turn of the Lіghtѕ" em conjunto com a tour de aniversário do Angels Cry. Como tem sido essa experiência?
Bruno: Tem sido na verdade um grande desafio! Fazer um show de mais de 2 horas e meia exige muito preparo, concentração e disciplina. Tem sido muito legal tocar esse álbum na íntegra! Esse disco me influenciou bastante! Acho muito legal ver a reação das pessoas nos shows. Isso me motiva a seguir em frente me aperfeiçoando, dando o meu melhor e buscando fazer trabalhos melhores sempre.
8 - A banda pretende levar essa tour ao exterior? Há também rumores de uma tour de comemoração ao "Holy Land". Іѕѕo poderá ѕe confіrmar?
Bruno: Sim, existe a vontade de levarmos o show para o exterior. Em 2013 fizemos shows na Argentina junto com o Viper. Tudo depende de organizarmos as coisas com uma logística viável. Com relação a uma possível tour tocando o Holy Land, estamos estudando e analisando quais serão os nossos próximos passos.
9 - Há planos para um novo cd de André Matos à curto prazo?
Bruno: Sempre estamos compondo e trocando material entre a gente. Acredito que fazer um disco seja um processo natural. Ainda não temos previsão de entrar em estúdio, mas já temos músicas para trabalharmos em um próximo álbum.
10 - Você tem trabalhado com vários nomes importantes ao longo de sua carreira. Quais os trabalhos que mais lhe deram satisfação tanto pessoal quanto profissional?
Bruno: Todos os trabalhos que faço atualmente satisfazem tanto o meu lado pessoal quanto o profissional. Trabalhar com músicos que sempre foram referências para mim e ainda por cima aprender com eles é algo que sempre busquei. Me sinto privilegiado.
11 - Você participou do disco solo de Aquiles Priester e Gustavo Carmo. O que pode
nos contar dessa experiência?
Bruno: Foi bastante desafiador! Trata-se de um disco instrumental em que gravei todos os baixos no meu estúdio. Apesar das músicas serem muito trabalhadas, o aspecto composicional não foi deixado de lado em momento algum. Quem ouvir o álbum irá se surpreender com as músicas!
12 - Professor, produtor, músico... Como conciliar todas essas funções com a vida pessoal?
Bruno: Sou uma pessoa extremamente metódica e organizada. Divido os meus dias de maneira que consiga fazer tudo, sempre deixando tempo para cuidar da minha saúde e de estar com a família. Mesmo parecendo que faço muitas coisas, posso afirmar que ainda posso produzir 4 vezes mais! Essa é a minha meta para 2015!
13 - Agradecemos a atenção Bruno. O espaço é seu para uma mensagem final.
Bruno: Muito obrigado ao Val e a toda a equipe do site por abrir o espaço para essa entrevista. Obrigado aos meus amigos das bandas com que trabalho e todos os meus alunos, porque me ensinam muito e permitem que continue crescendo como músico e pessoa. Obrigado a todos os fãs que gostam do meu trabalho. Saibam que sem vocês nada disso seria possível.
Abraço! Até a próxima.
Contatos:
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bruno.ladislau@gmail.com.
