HIGHER - Entrevista com o guitarrista Gustavo Scaranelo

Autor: Val Oliveira   •   05/05/2015

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1 – A banda surgiu a partir das cinzas da Second Heaven. O que houve com a antiga banda? Qual o motivo dela não ter ido à frente?
Gustavo Scaranelo – O projeto anterior foi fruto de outro momento, éramos muito jovens e não tínhamos a maturidade de hoje, e a falta de maturidade fragiliza seus objetivos. Portanto, acredito que não soubemos como conduzir as coisas naquele momento. Estávamos em meio a um milhão de acontecimentos, típicos da adolescência, não havia muito para investir no projeto e ele logo esbarrou em dificuldades que inviabilizaram sua continuidade.

2 – Como se deu o surgimento da HIGHER?
Gustavo – A Second Heaven não deixou registros e isso nos frustrou um pouco. Quase vinte anos depois de seu fim, em uma conversa com o Cezar (Girardi – vocal), decidimos gravar algumas das músicas daquele período. Gostamos demais dos resultados, mas já não eram os mesmos arranjos ou letras, alteramos esses elementos e os adaptamos ao nosso momento atual. Isso nos fez entender que ali estava nascendo algo novo, não se tratava do antigo projeto, era o Higher em sua gestação! Na sequência, compusemos material novo e fizemos o disco.

3 – Fale-nos da proposta lírica da banda, e sua relação com a arte do cd.
Gustavo – Queríamos falar sobre algo que acreditamos, algo que faz parte do nosso cotidiano, e isso nos levou ao tema que deu nome à banda. Higher (mais alto) é referência a uma condição humana mais alta, ou seja, a transformação de cada um de nós em pessoas melhores, mais capazes, menos egoístas, preguiçosas, enfim, pessoas mais valorosas. Cabe dizer aqui que não temos a menor intenção de passar a ideia de que estamos acima de qualquer um nessa escala, somos tão falhos quanto qualquer outro ser humano, mas nossa guerra declarada é contra nossas fraquezas e temos convicção dela. Acreditamos também, ser essa a convicção de muitas pessoas nesse mundo. A arte do disco mostra uma pessoa sentada rasgando o seu peito e mostrando o seu coração, que é representado pelo símbolo da banda, ou seja, nosso símbolo representa essa ideia, nossa vontade de sermos seres humanos melhores, e de fato, com esse disco estamos abrindo o nosso peito. O CD tem a mesma imagem impressa e, quando você retira o disco da base, você nota que o cenário fica sem o personagem, que representa nossa música, é como se você retirasse o personagem do cenário e o colocasse em seu CD player. São algumas das ideias que tivemos para representar a nossa proposta através da arte do CD.

4 – O som da banda é bem pesado e trabalhado. Quais as influências da HIGHER, e como vocês definiriam a sonoridade para nossos leitores?
Gustavo – Temos inúmeras influências que vão de John Coltrane à Brahms, de Jobim à Sepultura. É muito difícil definir a sonoridade de algo que você mesmo fez, mas eu diria que é metal, sem misturas, um tanto cru, objetivo, com alguns momentos mais técnicos, claro, mas bastante objetivo.

5 – O cd da HIGHER teve produção de Thiago Bianchi. Como se deu o contato? Vocês ficaram satisfeitos com o resultado final?
Gustavo – Nosso primeiro contato foi o Fernando Quesada (Noturnall), a essa altura já tínhamos o disco pronto, e ele se animou bastante com o nosso som. Em seguida apareceu o Thiago que foi quem deu a aparência sonora para o trabalho. Gostamos dos resultados e aprendemos muito com o primeiro disco, o que nos leva mais experientes para o próximo trabalho.

6 – Como tem sido a aceitação do cd na imprensa especializada, e principalmente pelo público?
Gustavo – Com extrema alegria eu digo que temos recebido comentários extremamente generosos sobre o trabalho, da imprensa e do público. O que mais tem me alegrado é ler as resenhas que atribuem originalidade ao Higher. Isso me deixa extremamente satisfeito, não que essa tenha sido a intenção, a intenção era ser honesto, mas conseguir esse resultado, essa originalidade, pensando simplesmente em fazer um trabalho honesto é para nós uma grande vitória.

7 – O material da banda é muito forte, técnico e expressivo. Quais faixas tem se destacado ao vivo?
Gustavo – Nosso último show teve um público muito especial, que cantou todas as músicas. Não saberia dizer quais delas se destacam mais ao vivo, mas temos ouvido de muitos fãs, em todos os shows, que nosso trabalho cresce muito ao vivo e isso me tira do palco com a sensação de missão cumprida.

8 – Como foi incorporar à banda um guitarrista tão jovem, Felipe Martins, com 16 anos? Houve algum receio em relação à idade e, talvez, pouca experiência?
Gustavo – O Felipe me faz lembrar de mim na fase do Second Heaven, o ânimo, as ilusões, o temperamento adolescente diante de um projeto sério. Ele tem se saído muito bem, tem um grande talento e maturidade para a sua idade. Quanto ao receio, acredito que não é maior do que aquele que temos em condições normais. O tratamos como gente grande, cobramos dele da mesma forma como nos cobramos, ele definitivamente não é uma preocupação (risos)... É uma grande soma no grupo!

9 – "Lie" foi a faixa escolhida para o primeiro vídeo da banda. Vocês a consideram a música que sintetiza o disco e a sonoridade da banda? Há planos para mais vídeos?
Gustavo – Acreditamos que a sonoridade de "Lie" representa bem a sonoridade da banda. O disco vai além do que se houve em "Lie", acredito, mas ela é, de alguma forma, uma espécie de síntese do trabalho, o peso, os coros, trechos instrumentais, enfim. Faremos o clipe de pelo menos mais uma faixa desse primeiro disco, estamos finalizando o roteiro.

10 – Há planos de lançar o cd no exterior? Quais os planos futuros da HIGHER?
Gustavo – Hoje não temos um selo que distribua o nosso trabalho fora do Brasil, mas acredito que hoje isso não limite o projeto às fronteiras brasileiras. Nossa assessoria de imprensa tem feito um excelente trabalho, inclusive junto à imprensa estrangeira, então, acredito que é uma questão de tempo e trabalho sério para termos oportunidades fora do Brasil. Estamos planejando alguns shows e aproveitando todas as oportunidades de palco que estão surgindo, também já iniciamos o processo de composição de material para o próximo disco. Nosso projeto apenas começou.

11 – O REIDJOU agradece a atenção. O espaço é de vocês para as mensagens finais.
Gustavo – Eu agradeço a oportunidade de falar sobre o projeto e o interesse de vocês em nosso trabalho! Tenho insistentemente falado sobre dois assuntos que considero muito importantes e não farei diferente aqui. É imprescindível que o público de metal se una, e cesse a segregação baseada em subgêneros do estilo. Quem gosta de som pesado deveria respeitar o som pesado como um todo, existem diferenças e isso é previsto e necessário para a evolução do homem. Respeito e apoio levariam a cena para uma condição muito superior, mas ainda se nota aquela postura clássica de preconceito com o diferente e com o novo. O que me leva ao segundo ponto. O público que sai de casa para ouvir a banda cover dessa ou daquela lenda do metal deveria sair de casa também para apoiar as bandas autorais que estão surgindo. As grandes só se tornaram grandes porque tiveram o apoio do público e puderam mostrar seu trabalho. As bandas autorais precisam de espaço e o público do gênero deve apoiar isso, a cena não sobreviveria apenas de bandas cover, logo seria um gênero instinto. Mas acredito que o público de metal é bastante inteligente e logo teremos um cenário mais favorável para as novas bandas. Agradeço imensamente aos fãs do Higher e a vocês, pelo apoio!

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