INJÚRIA - Voltando com sangue nos olhos!

Autor: Val Oliveira   •   26/09/2019

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Postado por: Val Oliveira  •  1364 hits


Por Elsimar "Chicano" Oliveira e Val Oliveira


1 - A banda surgiu nos anos 1990. Como se deu a formação da banda? De quem foi a idéia de forma a banda? Quais as principais influências da banda? Conte um pouco da história da Injúria e de suas formações.
Canibal:
Começou quando eu conheci Tito, num projeto chamado Alcoholic Pigs (com Simon Matos – ex-Head Hunter, Rogério Big Broder, e outros amigos) inicialmente tocando covers de bandas hardcore, crossover e afins, como DRI, Discharge..., ele entrou no final e quando a banda encerrou as atividades ele me chamou para fazer um som, ficamos grandes amigos e o resto é só história. As influências iniciais eram o hardcore, punk,o crossover, metal e em seguida rap,  tínhamos diversas influencias tanto no som quanto nas letras, e na postura que me lembro de imediato por exemplo RDP, Suicidal Tendencies, DRI, SOD, Excel, No Mercy, Slayer, Agnostic Front, Madball, SOIA, Bad Brains, Beastie Boys, Public Enemy, Ice T, Biohazard, Body Count, RATM...


De uma maneira geral as formações foram duradouras pelo tempo de banda, o rodízio maior foi com os baixistas ao todo foram 5 se me lembro bem, hoje tá tudo resolvido, o baixista é o vocal então não dá para despedir o cara... (rsrsrs). Começamos eu, Tito Alisson e Maldito (ex um milhão de bandas) em seguida virou um power trio com Tito no vocal, pouco tempo depois Manoel assume os vocais, nas vésperas do 2º Garage Rock Festival praticamente, posteriormente Alisson saí, Krishna (Ex-Dever de Classe) assume, num outro momento ele dá lugar a Kiko que pegou duas roubadas: show com Ratos de Porão e palco do rock. Juntamente com Chico que assumiu a percussão, Kiko sai e dá lugar a Chuck (ex- 2 Sapos e Meio) que deu lugar a Humberto (...ufa...), nesse meio tempo Adriano entra e assume a segunda guitarra no momento seguinte eu me desliguei da banda (rsrsrs).


Manoel Messias: Eu entrei na banda em 1993 porque Tito resolveu ficar somente na guitarra e saí da banda em 1999, dois anos depois de Canibal porque não conseguia mais conciliar os horários da banda com o trabalho e as faculdades. Além disso não dava mais pra empurrar com a barriga a conclusão dos cursos de graduação que fazia (administração e ciências contábeis) mas continuei próximo à banda participando de alguns shows dividindo o vocal com Taz (o vocalista que me sucedeu) como foi o caso do show da Injúria na Concha Acústica, numa das edições do Garage Rock Festival.


2 - A banda chegou a tocar em diversos eventos em Salvador. Tem algum evento que considera memorável?
Canibal:
Show com o RDP que era nossa maior referência no estilo. Show com os Cabeloduro em Brasília (ops, não é SSA mas vale a pena comentar) pela recepção, na terra de vários ícones tinha gente que já nos conhecia, vendemos todas as demos e se tivesse mais teria vendido, rolou patrocínio de tattoo, convite para outros shows, para uma participação num tributo ao Ratos, enfim várias portas foram abertas. Abertura do show dos gringos do Dog Eat Dog, banda que a gente curtia muito na época, com certeza vários outros rolaram, mas a memória não colabora...rsrsrs.


Manoel Messias: Guardo na memória com carinho além dos shows citados por Canibal o nosso show no Palco do Rock, o que fizemos com Os Cabeloduro no Pelourinho, onde acabei quebrando o palco de tanto pular, o show com o DFC e o que fizemos com o Faces do Subúrbio, grupo Rap de Recife, numa das edições do Garage Rock Festival. Ah! Tem também o show que fizemos na Escola de Administração da UFBA com a banda de reggae Diamba que deu um grande público e depois uma grande dor de cabeça para o DA de Administração, organizadores do evento, para explicarem à direção como a escola amanheceu com latas de cerveja espalhadas por todo o pátio hahahaha. Foi o maior público que eles tiveram!!


3 - Como vocês enxergam a cena local atualmente? Como comparam com a cena de anos atrás?
Manoel Messias:
Quando comecei tinha poucas mulheres na cena e todos andavam juntos, punks e bangers, um pouco depois passou a ter mais violência: eram punks e os black metal que brigavam entre si, os dois batiam nos carecas, os três batiam nos playboys e a polícia batia em todo mundo menos nos playboys! O acesso à música era mais difícil, os vinis nacionais eram caros e os importados mais ainda e difíceis de chegar, tanto que lojas que tinham LP’s importados vendiam gravações em fita cassete deles. A galera que tinha por sua vez gravava fitas cassetes pros amigos. Havia pouca informação, um dos motivos que a gente passava o dia inteiro nas lojas como Maniac, Coringa e Not Dead era a troca de informações. O público era mais apaixonado e compareciam a shows não importa onde tivesse, seja no subúrbio, Mussurunga, cidade baixa ou no antigo Teatro Nazaré estávamos lá mesmo sem saber direito como voltar. Já dormi na Estação da Lapa esperando o primeiro ônibus do dia, na praia, na rua e andei muito para casa pela madrugada por conta de shows.


Hoje, tem muito mais mulheres, inclusive formando e fazendo parte de bandas, não há violência, temos bandas importantes em todo o estado, a diversidade de gêneros musicais tocadas pelas bandas esta bem maior, a Bahia tem hoje bandas de quase todos os sub-gêneros do rock, punk e metal, uma banda pode gravar o seu álbum em casa antes ficávamos sonhando em ser contratados por uma gravadora, a informação esta ao alcance de um click, podemos ver em tempo real o show ou ensaio de sua banda favorita e até mesmo conversar com eles ao vivo através do youtube, facebook ou instagram, mas acho que esta facilidade de acesso à informação trouxe uma acomodação por parte do público, esta mais difícil convencer o seu público a sair de casa. Hoje, se a casa de shows tiver 50 pessoas é considerado um bom público, antes ia mais gente. No passado já fizemos shows para mais de 300, 400, 500 pessoas por exemplo. Outra coisa que observo é que antes as bandas que participavam de um festival, por exemplo, chegavam horas antes para assistir a todos os shows, inclusive à banda de abertura, pois, se não tivesse ninguém, pelo menos tinha as outras bandas na plateia dando uma força, hoje eu vejo em muitas ocasiões a banda de abertura tocar pra ninguém porque as outras que vão se apresentar depois dela ainda não vieram ou estão fora do estabelecimento bebendo cerveja.
Para mim o que continua igual tanto antes como agora é o pouco espaço para shows e o alto custo em adquirir CD’s e LP’s.


Canibal: Como tudo nesse mundo, as coisas mudam, com a cena underground não seria diferente, estamos dispostos a nos adequar ao momento e contribuir o máximo pra fortalecer o cenário.


4 - A banda ficou parada durante um bom tempo. Porque voltaram a tocar novamente? Qual a motivação para o retorno?
Canibal
: Adriano conseguiu me convencer, até hoje não sei bem o que aconteceu, rsrsrsr, me tirar da zona de conforto, da maresia, muitas vezes me pergunto como ele conseguiu... Outro fator foi o cenário sócio-cultural e sobretudo político atual. Aceitamos a responsabilidade de enfrentar isso aí a nossa maneira.


Manoel Messias: A idéia de voltarmos a tocar partiu de Adriano em 2015 primeiramente sem o nome Injúria por conta da impossibilidade de Tito participar, mas, com o tempo, os amigos e os fãs sabendo que estávamos ensaiando exigiram que a Injúria voltasse aos palcos e nós aceitamos a missão com a bênção de Tito inclusive.


5 - Como se deu a participação de vocês na antológica coletânea UmDABahia? Qual o retorno que a banda teve com este lançamento?
Manoel Messias:
A nossa participação no UMDABAHIA deu-se em decorrência da nossa atuação na cena punk metal de Salvador, pois todas as bandas presentes na coletânea se destacavam pelos shows e chamavam à atenção pelo público que arrastavam. A UMDABAHIA nos fez ser mais respeitados em Salvador e mais conhecidos na Bahia e no Brasil além de abrir portas para shows maiores, com melhor estrutura.


6 - Salvador tem tido uma mudança em relação ao publico, com muita desunião e falta de espaços para apresentação. O que acha que poderia mudar ou melhorar? 
Canibal:
Tradicionalmente a Injúria sempre foi uma banda que agregava, agradava a gregos e troianos desde sempre, (como toda banda crossover que se preza) nosso público sempre foi diverso, metal, punks, skatistas, hardcore, o pessoal do hip hop, todo mundo sempre foi bem vindo aos nossos shows e continua sendo, espero que continuemos agregando. (e agradando, rsrs)


7 - Como enxerga o momento político do país, já que as letras da banda tem uma abordagem política/social? Acha que há possibilidades de o Brasil voltar a se unir, já que os políticos acabaram por promover uma grande desunião em todos os níveis sociais?
Canibal:
Trágico, perda não só de direitos, mas da dignidade humana, dissenção, discriminação, apologia a violência, censura, falta palavras... Retrocesso, o pior cenário possível, a pior sensação possível, a parte positiva é que quem corrobora com essas idéias doentias mostrou a cara, sempre existiram, por hoje estarem sendo representados saíram da toca, os misóginos, racistas, homofóbicos, xenófobos, belicistas... Agora sabemos quem são nossos inimigos e não esqueceremos vcs!!!...


Primeiro, as pessoas abandonarem a idéia de líder messiânico, quem vai nos levar a um lugar justo e confortável é cada um de nós mesmos, é responsabilidade de cada um construir um presente melhor. Não tenho dúvida que isso é passageiro, tudo vai melhorar, inclusive, pelo fato de que tá todo mundo sofrendo com esse desgoverno e a maioria não vai aguentar isso muito tempo. Parafraseando a filósofa dona Vanda, minha vó... "não tem mal que dure para sempre..."


8 - A banda tem planos imediatos com a reunião? Planejam compor algo novo e gravação?
Canibal:
Estamos produzindo material novo, já temos 4 músicas novas inclusive tocamos duas no show e já temos gravação agendada, e um show de retorno com uma banda de fora de salvador e outra daqui. Inclusive esperando a ajuda dos amigos para que isso efetivamente aconteça, dá uma força p gente no nosso crowfunding.


9 – O espaço é de vocês para mensagens e considerações finais?
Manoel Messias:
Fortaleça a cena indo aos shows, pois além de curtir a banda ao vivo você ajuda na permanência do espaço para shows, adquira camisetas, cd, vinil, adesivos e outros produtos das bandas. Se você não puder ir ajuda na divulgação dos shows das bandas compartilhando o banner nas suas redes sociais, curta a página das bandas, suas postagens e vídeos, ouça as bandas da cena no streaming de sua preferência


Para contato e maiores informações acessem a nossa página no instagram @bandainjuria para informações e peço que contribuam para o nosso crowfunding: https://www.kickante.com.br/campanhas/banda-injuria-volta-gravacao-do-cd-clip?fbclid=IwAR0am2bdJzHD6xLulS_EGCSg2bWnQYuoXR7T0G6p4NkX1e7CFip6F7UdxCk


 


 



 
      
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