Palco do Rock, a verdade que você não sabe...

Autor: Val Oliveira   •   10/03/2014

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por Paulo Reis

A muito tempo muitas pessoas criticam a gestão do Palco do Rock (Evento que ocorre todo ano no Coqueiral de Piatã em Salvador/BA sempre na época do Carnaval) e esse ano a indignação do público foi ainda maior dada a uma grade de banda bem abaixo da expectativa para a comemoração de 20 anos de eventos. Algumas pessoas estão vendo esses comentários negativos e estão se perguntando o por que de tudo isso. Deixo abaixo minhas considerações como frequentador a cerca de 14 anos.

Antes de falar qualquer coisa, quero deixar claro que esse texto será bem longo e em alguns pontos chato (para algumas pessoas) então se você não gosta de ler/se informar, pode ir embora, tem coisas mais "interessantes" na internet para você ver.

Como ficou claro, eu não frequento o evento desde sua primeira edição, comecei a frequentar em 1999 (se não me falha a memória). Presenciei inclusive o "trio do rock" como foi carinhosamente apelidado o Palco do Rock no ano em que as bandas tocaram em cima de um trio elétrico, mas confesso que não consegui ficar ali por muito tempo e fui embora. Fui também quando o palco do rock foi fechado e cobrou ingresso no antigo teatro da praia (Se não me falha a memória novamente) acho que o nome era esse, ele fica na orla, ao lado do Baita Tche. E por fim, em 2011, 2012 e 2013 a banda em que eu tocava (NORFIST) se apresentou no palco do rock. Foi aqui que eu comecei a ver o que realmente era o Palco do Rock.

Norfist – 2011
O primeiro show de rock que eu assisti foi no Palco do Rock, então eu sempre tive vontade de tocar no Palco do Rock, porem sempre que chegava próximo ao período de inscrição, as bandas em que eu tocava se dissolviam. Em 2011 eu tinha ajudado a fundar a Norfist e o trabalho estava caminhando bem, resolvemos então nos inscrever pelo Oficina Palco do Rock, que nada mais é que uma seletiva de bandas com pouca visibilidade que ajuda as bandas com pouca circulação a entrar na grade de bandas do Palco do Rock. A ideia é simplesmente fantástica, porem na prática... Bem, fizemos um vídeo e fomos selecionados para fazer uma apresentação para uma banca de jurados e para um pequenos público (Público esse que as bandas deveriam levar, visto que ele teria papel definitivo na escolha das bandas). Para não alargar muito o texto, vou resumir. Houve uma votação após a apresentação das bandas e o resultado foi: 1º lugar (HUMAN), 2º lugar (NO NAME), 3º lugar (Norfist), 4º lugar (Código Remoto). Como só eram 2 vagas, essas duas vagas ficaram para a HUMAN e para a NO NAME. Sandra (Presidente da ACCRBA e Organizadora do Palco do Rock) pegou o microfone e falou: "Como a qualidade das bandas foi bem acima da expectativa, sugiro que ao invés de 2 bandas, selecionemos 3" lembro que Gabriel Amorin ainda rebateu dizendo que isso iria comprometer a grade de bandas e tal, mas acabou que a decisão dela foi acatada. Que legal a Norfist que foi a 3ª colocada ficaria com a vaga não é? Não, eles resolveram por a 4ª colocada a Código Remoto (Nada contra os caras, a questão aqui é outra) e nos colocaram como "Banda suplente", o que significava que se alguma banda não pudesse tocar, a gente poderia assumir o lugar da banda. Faltando algumas semanas para o Palco do Rock de 2011, Zezinho Peixoto (Vocalista da Norfist) recebeu uma ligação da ACCRBA dizendo que uma banda por algum motivos (que não lembro qual) saiu da grade e a gente estava dentro. Pronto sonho realizado... Bem... Não foi bem assim que as coisas ocorreram. Nos colocaram para abrir o palco do rock, fomos a primeira banda do primeiro dia (Levando em consideração que éramos uma banda com pouca experiência e que "entramos pela janela" foi meio justo). O grande problema foi que o palco ainda não estava pronto. Tocamos com o palco escuro, praticamente sem luz nenhuma, o som estava intermitente, ora parava ora funcionava como ficou documentado aqui (http://noxvideo.blogspot.com.br/2011/03/palco-do-rock-ssa-2011.html) fora que os técnicos de som do palco eram super arrogantes e descompromissados (Já o da mesa de som do PA - Daniel Mailo - desde o começo demostrou ser bastante profissional e gente fina) mesmo com todos esses problemas a apresentação foi legal, o público recebeu a gente muito bem e fiquei até surpreso com as rodas que se abriram e com o poeirão que subiu, já que não é uma coisa comum para a primeira banda, ainda mais desconhecida.

Após o evento ocorreu uma votação para escolher as melhores bandas do evento. Essa votação foi feita via ORKUT, era aberta e qualquer pessoa poderia votar desde que fizesse parte da comunidade da ACCRBA. Conseguimos mais votos como Melhor banda do Sábado e Banda revelação, porem só nos deram o título de banda revelação, o que teoricamente já seria uma grande coisa levando em consideração a forma que entramos, porem não é nem de longe justo. Além disso, ocorreu um show/festa para entregar os troféus para as bandas vencedoras, e olha que legal, não convidaram a Norfist para tocar. Tudo bem nada obriga, mas você acha lógico que a banda Revelação (não é a de partido alto uhahuahua) não se apresente? A galera que votou na gente se revoltou e começou a dizer que era marmelada. Nos acusaram de usar profiles fakes para votar na gente, o que depois ficou comprovado que não eram, mas mesmo assim voltaram atrás e nos chamaram para tocar. Aqui tem outro ponto muito revoltante pelo qual não nos chamaram inicialmente, mas prefiro não comentar, digo apenas que tem a ver com um "par de coxas".

Norfist – 2012
Como já tínhamos tocado no Palco do Rock em 2011, não poderíamos mais entrar pelo oficina palco do rock e então nos inscrevemos pela curadoria pública, tomamos uma nota relativamente baixa devido a qualidade do nosso material apresentado. Porem pelo baixo número de bandas de Hardcore com qualidade entramos assim mesmo. Ai começou outro problema... Quem tem banda sabe a dificuldade que é manter o projeto na ativa e um desses problemas é o dinheiro. A gente investe caro em instrumentos, ensaios, CDs, Camisas, etc... e geralmente acaba tocando de graça, por que gostamos mesmo. Em 2012 o pessoal daqui de Lauro de Freitas resolveu pedir um apoio a prefeitura e fez o ROCK IN LAURO, esse mini evento ocorreu nas vésperas do Palco do Rock (Na sexta-feira) e pagou R$ 1000,00 de cachê para cada banda, Quando nos convidaram eu sugeri que fossemos falar com o pessoal da ACCRBA para ver se teria algum problema em relação a nossa apresentação no Palco do Rock. A gente foi e conversou pessoalmente com Sandra a qual disse que não tinha nenhum problema. Então confirmamos nossa apresentação no Rock in Lauro, porem algumas semanas depois vieram com uma história de que a ACCRBA achou uma afronta o evento e que todas as bandas de Lauro de Freitas que tocaram nesse evento e que tocariam no Palco do Rock, seriam penalizadas na grade e seriam postas por ultimo, e isso incluiu a Pastel de Miolos, Norfist e Eduardo Cachaça. Eu argumentei dizendo que fomos conversar com ela e tudo, mas nada adiantou. Fomos colocados como última banda da segunda-feira. Tudo bem, aceitamos e fomos tocar, subimos no palco e depois de tocar 4 ou 5 músicas ( sendo que as músicas da Norfist são todas curtas ), chegaram para a gente e disseram para tocar a última música que o tempo já tinha acabado e eles tinham colocado uma banda de SP que supostamente veio com custo próprio para fechar o evento, sendo que essa banda nem saiu no cartaz, como pode ser visto aqui ( http://toquenobrasil-uploads.s3.amazonaws.com/wp-content/uploads/2013/01/grade-palco-do-rock-50f38121b5d9a.png ). Isso gerou uma discussão acalorada entre nosso Técnico de Som ( Kikito José da banda O Prumo ) e AJ / Sandra. Mas, a única coisa que conseguimos foram uns minutos a mais, tocamos menos tempo do que o combinado (Sendo que a banda que tocou antes de nós, teve mais tempo que o normal) e ainda saímos como errados da história.

Norfist – 2013
Em 2012 eu consegui convencer a banda que o Rock Baiano não se resume a palco do rock, e começamos a tocar o ano inteiro, tocamos em salvador no centro, no subúrbio, tocamos em lauro de Freitas, em Valente, em Cícero dantas, em Nossa Senhor do Socorro em Aracajú em Sergipe, etc... E devido a essa falta de respeito eu disse para o pessoal que eu não tocaria mais no Palco do Rock.

A Norfist sempre passou por problemas pessoais que não cabe a mim expor isso aqui até por que o foco não é esse, mas eu sempre tentei relevar, até que chegou num ponto que eu não aguentei mais e anunciei que sairia da banda. Muitos pediram para eu pensar melhor inclusive Zezinho, mas eu preferi me sair, Então o pessoal pediu para eu segurar pelo menos até o Palco do Rock. Então, mesmo contra a minha vontade, só por consideração ao público e aos caras da bandas, que assim como eu sempre correram atrás para fazer a banda andar, eu fui empurrando com a barriga e fizemos mais uma apresentação em 2013, antes da apresentação a gente sentiu um clima chato, que foi se mostrando cada vez mais evidente. AJ (Apresentador do Evento) em um determinado momento disse no microfone que não pagava pau para banda de fora (isso se referindo ao Krisiun que mais tarde falarei dele) e que só usava camisa de bandas locais, ouvindo isso, Zezinho Peixoto pegou uma camisa da Norfist e presenteou ele dizendo "Vista ai", ele pegou a camisa, olhou a marca da Norfist e jogou no ombro, não vestiu. Quando subimos no palco para tocar eu ouvi (NINGUÉM ME DISSE NÃO, EU OUVI), AJ dizendo a Cleber Silva: "Apresente essa banda ai que eu não vou apresentar não" e Cleber Silva foi e fez o papel de AJ apresentando a banda. É interessante dizer que Cleber Silva é um cara que sempre demostrou ser bastante sensato, ouso dizer que é o único que sabia ouvir as críticas e sugestões dadas. Mas, voltando. Tocamos e após o show Zezinho Peixoto agradeceu a organização do evento e agradeceu também a Gabriel Amorin. Pra que? Subiram no palco "parecendo leões" dizendo meio mundo de desaforo a Zezinho (todos da banda viram e ouviram, nosso roadie também e nossos fotógrafos/cinegrafistas também) eu sinceramente não entendi nada, Afinal a própria Sandra cansou de agradecer a Gabriel nos anos anteriores, quer dizer, o cara só presta enquanto tá lá dentro? Arrastaram Zezinho para dentro de um camarim e fecharam a porta, a partir dai não ouvi mais nada, mas o próprio Zezinho disse que AJ disse a ele que sempre foi contra a entrada da Norfist, que se dependesse só dele, a gente poderia tomar 4 dez que mesmo assim não entraríamos. Depois eles vieram explicar algumas coisas sobre Gabriel, que prefiro não comentar aqui, tanto que mesmo tendo diversas oportunidades não falei para ele até hoje e pretendo não falar, eles que se resolvam.

A REVOLTA GERAL
A ACCRBA é uma Associação Cultural que supostamente representa o ROCK BAIANO (Eu não me sinto representado), como tal ela deveria fazer eventos, ajudar as bandas etc... Porem não é isso que eu vejo. Antigamente rolava alguns eventos no decorrer do ano, hoje em dia tirando raras exceções, eu só vejo o Palco do Rock e só... Além disso por ser uma associação, deveria haver eleições para os membros, quem aqui já ficou sabendo de uma eleição, onde são divulgadas as datas das reuniões e das votações? Será que qualquer um pode entrar? Onde é publicado o estatuto da Associação? Na era da internet não seria melhor divulgar essas informações na internet?

A ACCRBA se vangloria de ter uma evento democrático, porem para entrar no palco do rock é outro dilema, não há uma regra clara que defina quais os critérios para entrar (pelo menos não uma que convença). Uma mesa composta por 4 ou 5 curadores avaliam os materiais enviados (de forma arcaica, por correio, sendo que estamos na era da internet), porem já presenciei algumas curadorias públicas e o que vi foi muita infantilidade, piadinhas de duplo sentido, um passando a mão na bunda do outro, etc... Como um possível investidor vai levar um evento desse a sério? Já vi bandas com material ruim levar nota melhor (e muito melhor) do que banda com material bom, o que deixa claro que o gosto pessoal e amizade do curador influencia na nota (o que no meu ver é errado) não tenho nada contra a banda nem seus integrantes, mas vamos ser sincero, essa gravação aqui merece nota: (9, 9, 10 ,10)? (http://www.youtube.com/watch?v=SaC3GnRZmQE ) Não estou falando da banda e sim da gravação. Não está nem de longe digna de um 10

Dando uma rápida busca no nosso amigo Google, é possível obter alguns dados público ( ou seja, qualquer pessoa tem direito a ver esses dados sem precisar se cadastrar nem nada ). No site (http://www.senhaaberta.ba.gov.br/ ) eu identifiquei em 2012 duas contribuições do fundo de cultura no valor de R$ 105.000 e R$ 45.000 reais para a ACCRBA, já em 2013 foi publicado no diário oficial da Bahia que o valor foi de R$ 200.000 e em 2014 foi publicado também no diário oficial da Bahia que o valor foi de R$ 200.000 ai eu lhe pergunto, dando uma rápida olhada na grade, você vê para onde vai esse dinheiro? A maioria das bandas de rock que conhecemos e que tem um pouco mais de visibilidade cobram R$ 1500, R$ 3000, no máximo R$ 5000 reais de cachê obviamente que tem outros custos envolvidos como passagem, hospedagem etc... E acredito que a ACCRBA também não deve trabalhar de graça, o que não seria mais do que justo tirar um pouco desse dinheiro para se manter, afinal ninguém trabalhar de graça. Porem o que queremos é uma transparecia, onde é gasto esses R$ 200.000? Dá para detalhar ele para a gente? Perguntar não ofende não é mesmo? É interessante frisar que ninguém tá chamando ninguém de ladrão, só que se tivéssemos acesso a essas informações, poderíamos dar sugestões de como usar melhor o dinheiro.

Na internet o que mais se vê são pessoas pedindo Matanza, Project 46 e DFC, por que esses pedidos são ignorados se são bandas que seriam muito bem aceitas pelo público?

Em 2013 disseram que o Krisium pediu um equipamento exclusivo para a apresentação deles no PDR (muitas bandas pendem isso, isso é um pedido mais comum do que muitos pensam) e qual o problema disso? Em Feira de Santana no Grito Rock de 2013 o evento foi beeeem menor que o PDR e o pessoal conseguiu um equipamento exclusivo para o Krisium. Ouvi a produção do PDR dizer que não conseguiu o equipamento por que para eles todas as bandas são iguais e merecem o mesmo tratamento. Ok, se isso é verdade, por que André Matos vai tocar 2h enquanto Korzus vai tocar só 1 ou menos?

Quando você viu uma banda Nacional ou Internacional de Porte no Palco do Rock? Sepultura, Raimundos, Ratos de Porão, Matanza, Kreator, Destruction, Sodon, etc... já tocaram em salvador e esse ano vai rolar Obituary. Quando uma banda dessa pisou no Palco do Rock? E o mais interessante é que os eventos que trouxeram essas bandas nenhum teve ajuda financeira do governo do estado. Tudo bem, foram eventos fechados, mas o show da The Iron Maidens e o Show da Claustrofobia também foram e nem por isso eu estou reclamando.

Não estou aqui querendo destruir o evento, mas infelizmente todo mundo faz criticas e sugestões e nunca obtém uma resposta então vamos reunir o máximo de pessoas possível para cobrar por essas respostas.

Se você pensa: "É melhor ter o Palco como está do que não ter," então você é o mesmo cara que acha que é melhor ter um político que rouba mais faz...

Se a ACCRBA quiser responder essas questões, publiquem em seu site ou em sua Fã Page, para todos nós termos acesso.

 
      
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