Após recesso, Retrofoguetes anunciam retorno com mudanças em sua formação, novo single e show no dia 2 de novembro, sábado, às 22h, no Commons Studio Bar.
REATIVAR RETROFOGUETES
Por Paquito, um velho compositor baiano
O último show dos Dead Billies, no antigo Havana, foi tão impressionante, com a banda em figurino sadomasô bizarro, que, literalmente, escorria água das paredes, tamanhos o calor e a vibração. Era um sinal de que a história não podia terminar ali. Com a saída de Mosckabilly dos vocais, nascia o trio de surf music instrumental Retrofoguetes, com Morotó Slim (guitarra), Rex (bateria) e Joe (baixo).
Após um ano, com a saída de Joe e a entrada de CH Straatmann no baixo, foram 10 anos de um currículo invejável pra uma banda pop instrumental: público numeroso, presença na mídia televisiva (Programa do Jô, Caldeirão do Huck, programas no Multishow e na MTV) e em festivais como o Abril Pro Rock e o Goiânia Noise, dois CDs produzidos por andré t e Nancy Viégas (Ativar Retrofoguetes!, em 2004, e Chachachá, 2009, este último com show de lançamento na sala principal do Teatro Castro Alves), apresentação em redutos do jazz - o Festival Instrumental de Salvador e o SESC Instrumental em São Paulo - uma indicação no VMB 2009 (Vídeo Music Brasil) na categoria "Melhor Banda Instrumental", e um Troféu Dodô e Osmar para Morotó como melhor instrumentista. Sem contar a trilha de um comercial premiado em Cannes e o projeto Retrofolia (quatro anos no Circuito Barra Ondina), reinventando a tradição da guitarra baiana.
Após tanta estrada e um breve recesso, os Retrofoguetes estão de volta, quase como se fosse naqueles primeiros dias, com Morotó e Rex, Joe reassumindo o baixo, e ainda a latinidad do experiente guitarrista argentino Julio Moreno. Juntos em 2013, lançam um novo tema, a polca Brezhnev, produzida por andré t em parceria com o selo Garimpo Música, disponibilizada para download em
http://soundcloud.com/garimpomusica/retrofoguetes-brezhnev.
Quando perguntaram aos Beatles, na chegada aos EUA em 1964, o porquê do sucesso do grupo, John Lennon respondeu que, se soubessem, os Beatles seriam empresários de uma banda, e não músicos. Mas empresários, críticos ou palpiteiros podem apenas supor as razões do encantamento de um grupo pop, ainda mais se tratando, como aqui, de uma banda baiana de rock instrumental. A música e a química simplesmente se dão, sem interpretação que as substitua.
Música instrumental, na Bahia, é geralmente associada ao jazz e suas fusões. Mas os Retrofoguetes, contrariando uma tradição, criaram a sua própria sem, no entanto, se deixarem institucionalizar. O espírito anárquico no palco sempre se casou com a musicalidade genuína e um senso de profissionalismo que pude testemunhar, como espectador, e nas várias vezes em que participei do Retrofolia e de projetos como os Sete Cabeludos, em que toco com Morotó e Rex.
Morotó e Rex, emblemas do rock baiano, juntos há vinte anos, casamento por amizade, irmandade originada do bairro do Bonfim, de onde herdaram o Aedes Bonfinensis, vírus da molequeira fértil e indomada que os torna profundamente baianos, como Armandinho, Raul Seixas e Gerônimo, o que mostra que o rock é mais baiano do que supõem as fronteiras.
Tudo isso e uma música que, pelo prefixo retro e referências várias (quadrinhos, séries de TV, ficção científica) remete ao passado, mas consegue se inserir na contemporaneidade feito foguetes ultrasônicos hipersensíveis rompendo as barreiras do espaço-tempo para se abrigar na nossa memória afetiva. Guitarradas baianas, latinidades sutis, iê iê iê instrumental, rock pós-tudo, imensidade de sonhos e sons.
SERVIÇO DO SHOW:
REATIVAR RETROFOGUETES
Quando: 02 de novembro, sábado, 22h
Onde: Commons Studio Bar (Rua Doutor Odilon Santos, 224, Rio Vermelho)
Discotecagem: DJ Zeca Forehead
Ingressos: R$ 30 porta | R$ 20 antecipado na Midialouca e lista amiga (www.commons.com.br/listaamiga) - Pagamento em espécie
